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Retratar o Museu dos Reis do Congo na sua essência é algo que no passado era impossível devido a vandalização do seu acervo durante o conflito póseleitoral de 1992 e que levou a que o mesmo fosse encerrado durante vários anos.
O museu foi reaberto ao público a 8 de Janeiro de 2007, no quadro da execução do Projecto “Mbanza-Kongo, cidade a desenterrar para preservar”, com uma exposição retratando a escravatura e pinturas rupestres encontradas nas grutas da província do Zaire, bem como uma amostra das cinco cidades mais antigas do país, de modo a informar e mostrar a realidade cultural angolana.
Não obstante ter sido criado logo após a independência, o Museu dos Reis do Congo nunca teve a sua missão definida nem o seu estatuto reconhecido por um Diploma legal.
A sua história remonta ao ano 1909 e foi pertença dos Reis do Kongo, como palácio e residência oficial do reino. Foi classificado Património Histórico-cultural através do Despacho Ministerial de 18 Abril de 1995.
Curiosamente, o mesmo está instalado numa zona de memória, marcada por simbolismos relevantes da história, como é o caso da árvore Yala Nkuwu, o local onde se realizavam sessões de julgamento (Lumbu) que, apesar de real, é tida como sagrada e ao mesmo tempo secreta.
Não se sabe quando é que a mesma foi plantada, mas aventa-se a hipótese de ter sido antes ou depois de 1483. Segundo o director do referido museu, Biluka Nsonkala, chamamlhe árvore misteriosa porque na época cada galho que caísse era motivo de preocupação, pois podia significar uma grande tragédia.
“Podia anunciar a morte do rei ou de uma entidade importante do reinado”, conta. Os últimos acontecimentos a ela atribuída, segundo o director, se deram em 1999. Houve tempestade, morte e inundações na cidade.
O museu divide-se em seis compartimentos: o primeiro faz menção às migrações, fixação, distribuição e composição dos Povos Nkongo, tratamento do território e os limites do antigo Reino Kongo.
A visita começa logo a entrada do edifício com a visualização de um importante retrato do príncipe Nicolau, Augusto Nunes O Museu foi reabilitado recentemente e conta filho de D. Henrique que permaneceu no trono até 1845. Segue-se um outro que retrata a nobreza do povo Nkongo ou Kongo, termo em kikongo que traduzido em português significa caçador.
Conta-se também que Ninhalukene, o fundador do Reino do Congo, era um caçador, daí a designação da cidade de Mbanza Congo que traduzindo em português significa a (terra do caçador).
Curiosamente, esta histórica cidade foi a capital do grande império da África Central e estendia-se do sul do actual Gabão até ao Rio Kwanza. Nela residia o Ntótila, autoridade máxima Kikongo, tendo daí saído orientações para as seis províncias que compunham o Império.
Segue-se a segunda sala com um vasto acervo ilustrando a agricultura, com diversos instrumentos, desde enxadas, flechas, armadilhas para a caça e escudos. Junta-se a estes uma linha de instrumentos musicais como chocalho (Nzanzi), alguns deles utilizados para acalmar os bebés quando choram, conchas que retratam os provérbios da região, bem como o Mbemba, artigo utilizado nos rituais de advinha.
Já na terceira sala encontramos uma mostra de instrumentos de caça e captura de pescado, ao passo que no quarto compartimento, um retrato com cinco espadas testemunha a presença dos portugueses na região.
Cada uma, segundo o director Biluka Nsonkala, tem uma denominação atribuída a cidade na época, antes ser conhecida como Mbanza Congo.
A primeira espada denomina-se Mbemba, tendo em conta o carácter hospitaleiro do povo Nkongo, e a segunda Nkumba ungugi (cordão umbilical).
Segue-se a terceira espada que remonta a chegada dos portugueses e chama-se Nkongo di ngunda, (Congo do sino). Já a quarta faz menção a chegada dos portugueses na época em que a cidade passou a designar-se São Salvador do Congo, e a última, a actual designação da cidade Mbanza Congo.
Prosseguindo, encontramos a quinta sala, com um acervo que pertencia ao Rei, como é o caso do trono, a pele de onça que segundo os Nkongo representa capacidade poderosa do rei, o seu fato oficial com mais de 130 anos de existência e que no passado serviu de rei para rei.
A mesma sala alberga ainda alguns carimbos utilizados pelo rei na autenticidade de documentos utilizados dentro e fora da comuTito Paris: Às 22 horas, na Casa 70, terceiro concerto de Tito Paris com sua orquestra. O espectáculo contará com a participação de Leonel de Almeida, Sandra Horta, ambos cabo-verdianos, e músicos locais.
nidade, chapéus que simbolizam o poder tradicional, entre outros meios indispensáveis ao reinado.
Já na sexta e última sala encontramos artigos atribuídos a rainha, tais como jarras, copos de prata enviados pela Rainha de Portugal à Rainha do Congo, colares e outros acessórios.
Memória da cidade reflectida no museu
Mbanza Congo era a capital do grande império da África Central e estendiase do sul do actual Gabão até ao Rio Kwanza. Nela residia o Ntótila, autoridade máxima Kikongo, tendo daí saído orientações para as seis províncias que compunham o Império.
Foi também em Mbanza Congo que baptizaram Ntótila Nzinga Nkuwu, em 1491, e por força do cristianismo a cidade passou a chamar-se São Salvador do Kongo até a Independência do jugo colonial português.
Conta-se que antes da sua chegada, a capital albergava na altura cerca de 100 mil pessoas. Quem chega a Mbanza Congo, dá a primeira vista com um panorama cultural com vestígios em todos os cantos. O próprio edifício do Museu dos Reis do Congo, o aclamado Lumbo, que em português significa o quintal do Ntótila, é também um grande chamariz para os visitantes. Nele, o visitante certamente toma contacto imediato com a realidade cultural do povo Nkongo desde o início até a vida actual.
Outro aspecto importante é sem dúvida a famosa e misteriosa árvore Yala Nkuwu, cujos últimos acontecimentos, registados em 1999 e a ela atribuída, provocaram uma enorme tempestade que matou pessoas, destruiu residências e inundou a cidade.
Conta-se que devido ao seu carácter misterioso, cada galho que cair é um mau sinal, e o suficiente para anunciar desgraças.
Segue-se Nkulimbimbi, a primeira Igreja da África Subsariana construída em 1491, que antes de a ser, e antes da chegada de missionários portugueses, já ali os ancestrais faziam as suas orações, evocando Nzambi Mbungo – o Deus Vivo.
Junta-se-lhes ainda as cinco históricas e turísticas vilas mais antigas da província tais como do Noqui, perto do Rio Kongo, as quedas do Kimba, entre outras. Já no Soyo, sobretudo na Ponta du Patron, junto à foz do Rio Zaire, onde atracou Diogo Cão em 1482, também conhecido por Sítio Maria, existe uma peugada humana que apesar dos longos anos que tem, curiosamente, nunca desapareceu e nunca foi coberta de capim ou de qualquer outro vegetal.Continua às claras.
Preservação da cultura
Do ponto de vista cultural, Mbanza Kongo caracteriza-se pelo conjunto da cultura material e espiritual Kikongo. Dentro da área sócio cultural kikongo encontram-se vários subgrupos: vata, soso, zombo, sorongo, yaka, kongo, pombo, suku, oyo, vile e yombe, ocupando maioritariamente a zona norte entre o mar e o rio Kwango, nas províncias de Cabinda, Zaire e Uige.
São agricultores na estação de chuvas e afirmam-se com uma capacidade notável para a escultura, incluindo o talhe de máscaras coloridas entre os Bayaka, seu subgrupo, hábeis na confecção da chamada “arte sacra” e mestres na manufactura de mabela (tecidos de ráfia executado ao tear vertical).
Entretanto, os Bakongo são tidos como propensos a um misticismo particular, sobretudo na criação de instituições de carácter religioso e secreto, tendência que se expande até aos nossos dias com o surgimento de associações proféticomessiânicas que assumem o carácter de seitas.
Para a harmonização social, existe o “feiticeiro supremo”, uma espécie de sumo-sacerdote, capaz de detectar os causadores do mal na comunidade, através de um espelho que coloca no baixo-ventre. Esta entidade é conhecida como Nkisi Konde, apresentada numa escultura em madeira e cravada com pregos.
Em algumas cerimónias religiosas, as máscaras bakama ou indunga e a ndemba marcam a sua presença, não só para consagrar o acto, como também servem como intermediários entre os viventes e o mundo dos espíritos ancestrais.
Uma das estratégias a que se propõem a direcção da instituição, segundo director, a par das visitas, é de levar o museu junto das populações para dar a conhecer a sua realidade, importância, penetrar nos meandros da história e cultura do povo Nkongo e não só.
Para o efeito, a direcção elaborou um vasto programa de actividades, entre as quais, exposições e palestras de modo a aproximar o público ao museu.
“Não podemos esperar que o público venha ao museu. Nos últimos dias temos estado a elaborar programas com exposições e palestras junto da sociedade, dando prioridade às escolas, entre elas o núcleo da universidade que já funciona desde o ano passado em Mbanza Congo”, disse.
Não obstante esses factores, o encerramento, há dois anos, da pista do aeroporto local para obras de restauro provocou uma queda considerável no quadro estatístico de visitas, o que, segundo director, poderá ser ultrapassado proximamente com a retomada dos vôos àquela província pela transportadora angolana TAAG.
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